Written by: Feminismo Negro

Representação vs representatividade

No interior do sistema capitalista, absolutamente tudo pode vir a tornar-se uma fonte de lucro, e, o clamor minoritário por participação simbólica nos meios de comunicação tornou-se um ramo altamente lucrativo.

Dentre todos os termos largamente apropriados pelo neoliberalismo mercantilista atrelado aos movimentos sociais, a “representatividade” trata-se do mais citado. Erroneamente, os indivíduos foram / são conduzidos a crer que a participação simbólica de minorias propositalmente adicionada somente a fim de conter os movimentos revolucionários, trata-se de uma vitória cabal. Sob a insígnia de discursos, tais: “representatividade importa”, diversas pessoas atêm-se à uma percepção superficial dos conceitos de representatividade e representação. 

No interior do sistema capitalista, absolutamente tudo pode vir a tornar-se uma fonte de lucro, e, o clamor minoritário por participação simbólica nos meios de comunicação tornou-se um ramo altamente lucrativo. Afinal, ao adicionar negros, mulheres, amarelos, indígenas e demais minorias; empresas, artistas e demais segmentos midiáticos recebem o selo de “desconstruídos” e “conscientes”. Não obstante, pesquisas de mercado recentes comprovam o quão lucrativo é, no Brasil, inserir aspectos da militância racial em programas e projetos.

Nesta ânsia, muitos cogitam haver uma “dupla vitória”. Afinal, obtém-se lucro e as minorias supostamente ocupam espaços de visibilidade. Mas, tratar-se-ia realmente de uma vitória? Principalmente, quando o sofrimento, estereótipos e a valorização do ódio e do racismo simbólico tornam-se os ramos mais lucrativos desta suposta “representatividade”?

Aquilo que verdadeiramente carecemos é, sem hesitação, poder político, social e simbólico. Em um cenário no qual as narrativas minoritárias estão sob o crivo daqueles que interessam-se somente em sugar aspectos de nossa existência e em nada realmente nos retribuem, sempre seremos caricaturas. Ora passíveis de ódio, ora passíveis de amor. Quando nos é possível, ainda que inicialmente, edificar nossos próprios discursos acerca do que somos, construímos um horizonte mais promissor.

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Tags:, , , Last modified: 1 de agosto de 2021