Dia das mulheres

O #diadamulher foi imensamente descaracterizado ao decorrer das décadas. Aquilo que se iniciara como uma jornada de manifestação pela igualdade de direitos civis e em favor do voto feminino organizada pelo Partido Socialista da América em 20 de fevereiro de 1909, em Nova York, perdera o seu teor altamente revolucionário em favor da comercialização de objetos feminilizados e da reprodução de estereótipos de gênero sobre as mulheres. Deste modo, um evento que possuía em suas raízes o anseio de inflamar a classe feminina em prol de seus direitos, fora transformado em uma data na qual envia-se flores e chocolates às mulheres que são diretamente afetadas pelo sistema patriarcal. 

Como feministas de raiz, o 08 de março nos impulsiona e recorda da luta constante que sempre fora protagonizada por mulheres contra os grilhões das múltiplas opressões vigentes em uma sociedade patriarcal, racista e classista. Afinal, ainda que integremos a mesma classe sexual, as demarcações da raça e classe imprimem status subalternos singulares sobre a experiência de vida feminina. À vista disso, o brado que parte de nossas gargantas nesta data simbólica é, indiscutivelmente: organização política e emancipação feminina já!

É chegada a hora de nos unirmos em prol dos avanços que almejamos para as próximas décadas e buscarmos a auto-organização política feminina enquanto estratégia de proteção e impulso às pautas mais caras às mulheres brasileiras. Em um país no qual os índices de violência, estupro, abortos clandestinos e casamentos infantis exibem-se proeminentes, a classe feminina permanece sob ataque. Almejamos a abolição das ferramentas de opressão que são historicamente utilizadas a fim de demarcar e manter sob controle a força e vitalidade das mulheres. 

Ansiamos por educação de base, por reformas no que tange ao regime de Leis que legisla sobre os corpos femininos no Brasil e, sobretudo, o fim da exploração das mulheres negras e indígenas deste país. Mulheres, juntem-se a nós.

Como dizia a grande teórica feminista Andrea Dworkin: “Parem de levar o feminismo como parte de uma vida secreta. Estou lhe pedindo para não pedir desculpas a ninguém por defender as mulheres.”