Debates acerca da monogamia e de demais modelos relacionais, tais a poligamia, agamia e a anarquia relacional, emergiram sob as mais diversificadas vertentes teóricas e movimentações sociais nas emaranhadas teias da Web. Contudo, questões e pressuposições acerca da monogamia protagonizaram o embate alimentado nas redes sociais. Compreendida sob inúmeras perspectivas, a monogamia se trata do modelo relacional mais difundido em toda a humanidade. Sendo largamente pesquisada por inúmeros setores, tal modelo recebe destaque especial nas profundas discussões a respeito da manutenção da hegemonia em uma sociedade de capitalismos e na ratificação da dominação masculina.
Afinal, a monogamia tradicional nasce do estrito desejo masculino pela perpetuação de seus genes, alinhada à manutenção de bens acumulados através dos meios de produção e/ou da exploração das classes subalternas. Manter a fortuna e o prestígio sob o nome de uma família, perpetua relações de poder que influenciam toda a dinâmica social. Contudo, a monogamia clássica serve igualmente como um mecanismo de controle sobre a mulher, que dentro desta estrutura, se trata da reprodutora e responsável pela continuidade do nome da família. Não obstante, o ápice da relação monogâmica — o casamento — gera à classe feminina a sobrecarga de uma tripla jornada de trabalho, na qual os serviços domésticos e de cuidado prestados jamais serão recompensados financeiramente, contribuindo para o empobrecimento feminino.
No âmago dos estudos feministas de raiz, salienta-se que a monogamia está intimamente relacionada à heterossexualidade compulsória. Afinal, é de ciência que o modelo monogâmico não fora pensado para ser executado entre duas mulheres ou dois homens, mas sim, para seguir os parâmetros heterossexuais da sociedade patriarcal. Por conta disso, a romantização desse modelo relacional está presente em todos os segmentos da sociedade, desde a Religião até a Indústria Cultural.
A formação da família nuclear, na qual o homem trata-se do provedor e mulheres e crianças são meras ferramentas de seu bem-estar e perpetuação de poder, ocupa espaço central no desenvolvimento das relações afetivas no contexto patriarcal.
Não obstante, segundo um estudo realizado em 2017 pelos pesquisadores W. Bradford Wilcox e Nicholas H. Wolfinger, “homens casados ganham cerca de 10 a 40% mais dinheiro do que os homens solteiros. Os homens casados são menos propensos a serem despedidos e costumam ser mais bem sucedidos nos negócios”.
Às custas de quem tais homens possuem melhores ocupações? Quem cumpre as tarefas que não cumprem para que possam dedicar-se inteiramente ao trabalho?
Vocês sabem a resposta.