Written by: Feminismo Raiz

O caso Nego do Borel e o aliciamento de meninas

No escopo da sociedade Patriarcal eurocêntrica, vigora a supervalorização da juventude feminina.

nego do borel e o aliciamento de menores

Recentemente, as atuais alegações acerca dos abusos infligidos pelo artista Nêgo do Borel à então atriz recém-maior de idade Duda Reis, sua ex-companheira, tomaram proporções grandiosas e estão a fragmentar o público entre apoiadores e detratores de ambos os indivíduos. O caso que se deu a partir das revelações oriundas de Duda Reis e de uma das amantes do artista, trouxera à tona uma temática deveras pertinente. Porém, usualmente ocultada: o aliciamento e manipulação de meninas e adolescentes.

No escopo da sociedade Patriarcal eurocêntrica, vigora a supervalorização da juventude feminina. Pois, esta relaciona-se aos ideais de pureza, inocência, passividade e permissividade. Não obstante, culturas altamente erotizadas tais a brasileira, hiperssexualizam meninas, contribuindo ativamente para os colossais números de abuso sexual infantil e estupro. 

Afinal, a socialização cujo objetivo final é tornar-nos suscetíveis à dominação de nossa capacidade sexual, reprodutiva e comportamental, perpassa aspectos específicos da pedofilia. Pois, enquanto meninas são precocemente erotizadas, a fim de serem dominadas e servirem ao ideal sexual masculino, mulheres adultas são infantilizadas, a fim de que seu potencial humano, comportamentos e força de trabalho sejam tolhidos ou canalizados ao benefício masculino. 

Não obstante, ambas as meninas citadas neste caso, possuem dezoito anos. Tendo atingido a maioridade após terem iniciado sua relação com o cantor. Nêgo do Borel, um homem de vinte e oito anos, manteve relações sexuais e afetivas contínuas com menores de idade, as quais alegam agressões físicas, ameaças, coação e entre outras violações de cunho moral e físico. Contudo, apesar de um fato constatado, paira a percepção de que tal “preferência” é perfeitamente saudável e não o produto sadio de uma cultura pedófila e patriarcal. 

No Brasil, um estudo paulista de 2007 constatara que em 64,2% dos casos de gravidez precoce os pais são maiores de 21 anos. Homens adultos estão, não somente relacionando-se, como engravidando meninas há décadas. Relações nas quais agressões sexuais e psicológicas perpetuam-se, e deixam sequelas irreversíveis. 

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Tags:, , Last modified: 1 de agosto de 2021