Mathew Knowles, pai das artistas estadunidenses Beyoncé e Solange Knowles, recentemente fora entrevistado pela revista Ebony. Seus posicionamentos reergueram uma polêmica midiática suscitada há anos: o branqueamento de artistas negros e a preferência por aqueles os quais possuem peles de tonalidades menos escuras.
“Observe as artistas negras que tocam no rádio: Mariah Carey, Rihanna, Nicki Minaj e minhas filhas [Beyoncé e a irmã, Solange]. Quando o assunto são mulheres negras, ainda há muito colorismo mesmo dentro da nossa concepção de afro-americanos”, comenta Knowles.
“Quando conheci Tina [ex esposa de Matthew e mãe de Beyoncé e Solange], pensei que ela fosse branca. Na minha infância e adolescência existiu um grande condicionamento para achar mulheres negras mais claras, mais bonitas”, continua Matthew.
Por último, enfatiza:
“Muitos homens negros vivem isso, ainda têm essa raiva erotizada dentro de si, acham que namorar uma mulher branca, ou mulher de compleição mais clara, é uma forma inconsciente de ‘vingar-se’ da sociedade.”
Atualmente, Mathew trata-se de um professor universitário e lançara uma obra literária cuja temática aborda o racismo: “Racism: From The Eyes of a Child” [Racismo: Através dos Olhos de uma Criança].
Beyoncé e o Colorismo na Indústria Musical
Beyoncé integra a seleta classe de artistas afrodescendentes os quais possuem abrangente visibilidade e poder sócio-aquisitivo, juntamente à Rihanna, Nicki Minaj, Cardi B, Jay-Z, Stevie Wonder e demais indivíduos. Seu primeiro destaque ocorrera durante o grupo musical Destiny’s Child, composto originalmente por: Beyoncé, Kelly Rowland, Michelle Williams, LaTavia Roberson, LeToya Luckett e Farrah Franklin.

Apesar do perceptível potencial vocal, as demais integrantes não alcançavam semelhante admiração, oportunidades comerciais e versos adicionais às canções. Desde a fundação, sempre fora Beyoncé o enorme destaque, a legítima criança do destino. Após o término do grupo musical, Beyoncé seguira carreira solo e as demais integrantes foram lançadas ao ostracismo pela indústria musical. Portanto, a cantora recebera massivo investimento em marketing, produção e segmentos artísticos. Porém, sob tal fantástica prosperidade, a indústria iniciara o seu processo de branqueamento.
Maquiagens densas, contornos nas narinas, afilamento facial, alisamentos de cabelo e photoshop, não trataram-se de estratégias performadas somente em Beyoncé, mas também em consagradas artistas pretas as quais perceberam a possibilidade de alavanque no mercado, por intermédio do branqueamento. Ademais, além de Beyoncé, as ex-integrantes possuem tons escuros. Deste modo, a ocultação de suas características afrodescendentes era-lhes fenotipicamente dificultada. Coincidentemente, a indústria abandonara-as.


A datar dos primórdios da inclusão de artistas afrodescendentes no abrangente cenário musical, vigora a intensa cobrança para que sua ancestralidade seja ocultada. A indústria e o público optam por artistas negros de tonalidades menos escuras, salientando o modus racista através do qual o entretenimento hegemônico opera. Ao passo de que a indústria intenta em comercializar o discurso “revolucionário” da inclusão racial, boicota sistematicamente a ascensão de artistas negros de tonalidade escura.
Há inúmeras ocorrências de artistas os quais vivenciaram processos de branqueamento para maior deleite do público e indústria. Uma das ocorrências mais notórias, trata-se do fenômeno mundial Michael Jackson. Apesar de possuir vitiligo, recentemente, seu antigo dermatologista Arnold Klein revelara que a deficiência não tratava-se da única motivação para que sua pele tornasse-se branca:
“Michael tomava remédios para acelerar o procedimento, já que ele trabalhava com sua imagem, e ele querendo ou não, ficaria com 95% da pele branca, pois a doença se espalharia de qualquer maneira.” — Fonte: MNFANSBR
Porém, percebe-se que tal tendência mantém-se superior entre artistas mulheres. Enquanto cantoras tais: Rihanna, Beyoncé, Tina Turner e Whitney Houston eram ou permanecem a ser branqueadas, artistas masculinos tais: Usher, Snoop Dogg, Kanye West, Travis Scott e demais, detêm visibilidade ainda que extremamente fenotípicos.
O desejo afromisógino relaciona-se ao anseio de que mulheres negras possuam o porte físico estereotipado atrelado às afrodescendentes, contudo, detenham tonalidades passíveis ao crivo eurocêntrico. Afinal, historicamente, as percepções ocidentais pós-coloniais relativas ao belo, emergem do imaginário social europeu. Deste modo, uma máxima torna-se explícita às artistas negras: “faz-se necessário embranquecer, caso deseje-se o sucesso”.
O fenótipo caucasiano não associa-se tão somente à beleza, contudo, às noções de poder sócio-econômico e cultural. Lidar com a instauração de caucasianos detentores de poder, finanças e suposta beleza, trata-se de algo tão corriqueiro ao ponto de beirar à normalidade no imaginário social. Indivíduos negros associam-se historicamente à pobreza, ignorância e suposta feiura. Tais conceitos racistas, socialmente impregnados há séculos, reverberam-se constantemente nas publicidades, mídias e indústrias de entretenimento.

Há certo tempo, tornara-se explícita a perseguição velada a qual ergue-se quando uma mulher negra nega-se à submeter ao imposto branqueamento:
“A americana Jasmine Toliver, criou uma petição online reivindicando que os cantores cuidem do cabelo da menina, de 2 anos. No abaixo-assinado, nomeado como “Penteie o cabelo dela”, a autora descreve sua aflição ao ver a criança “despenteada”: “Como uma mulher que entende a importância dos cuidados com os cabelos, fico incomodada ao assistir a uma criança sofrendo por falta de hidratação no cabelo. Sean Carter, conhecido como Jay-Z, e Beyoncé têm falhado ao cuidar do penteado da filha Blue Ivy. A menina tem aparecido com rastas e tochas de cabelos embaraçados. Por favor, vamos manifestar nossa insatisfação e pedir um pouco mais de cuidado com o cabelo de Blue Ivy”. Surpreendentemente, a petição já conta com quase 3.500 assinaturas até o momento e alguns usuários do site não se intimidaram em expressar suas opiniões. ”
– Fonte: EGO

Somente por não submeterem a filha à invasivos procedimentos de alisamento capilar, Beyoncé e Jay-Z sofreram represálias nas mídias sociais e tornaram-se alvo de tal petição. Blue Ivy fora submetida à chacotas, pois, herdara o fenótipo característico de seu pai. Atualmente, aos oito anos, a menina desenvolvera características similares à mãe, sendo considerada mais bela por aqueles os quais outrora rechaçavam-na por seus traços afrodescendentes.
Perceptivelmente, não é-lhes possível lidar com negras, a menos que possuam cabelos alisados, detenham fenótipo similar ao caucasiano e tonalidade mais clara. Não é-lhes possível lidar com a pele escura, cabelos crespos, narizes largos, lábios volumoso e feições características. Pois, jamais desejaram lidar com mulheres negras — somente com as concepções estereotipadas as quais possuem a respeito das tais.
Deste modo, fica evidente como a indústria e segmentos sociais suscitam falsamente a ideação da suposta “inclusão racial” e apropriam-se da causa antirracista quando é-lhes lucrativo. Porém, por detrás dos holofotes, sabotam artistas negras de pele escura em detrimento das detentoras de pele mais clara.
As músicas da Lana são controversas, Lolita parece ser uma referencia ao livro lolita de Vladimir Nabokov que narra do…