No dia 15/12, ocorreu a primeira edição do Festival Vulva Negra, evento voltado à comemoração dos cincos anos do projeto Vulva Negra, iniciativa nascida na Bahia que já representou o Brasil em países como França, Portugal, Estados Unidos, Ruanda e Reino Unido. Fundado por Yasmin Morais, escritora, ativista baiana e palestrante internacional, o projeto conta com mais de 90 mil seguidores nas redes sociais e já alcançou um grande público com eventos digitais e presenciais. Além do Festival Vulva Negra, Yasmin também organiza o Encontro Feminista Vulva Negra, evento itinerante que percorre as cidades do Brasil e do mundo levando palestras a respeito do feminismo, do antirracismo e da experiência de vida das mulheres negro-brasileiras.
O evento atraiu dezenas de pessoas para o espaço cultural Ilha diSafo, localizado na região de São Paulo e teve uma programação que contou com roda de conversa sobre saúde mental de mulheres, lesbianidade negra, envelhecimento positivo e etarismo, contando com a participação das convidadas Natália Marques, Ale Valois e BEA. Além disso, também contou com atrações artísticas e uma apresentação musical surpresa da própria Yasmin Morais. O vestido vermelho utilizado pela ativista é produção autoral do atelier Ale Valois, feito sob medida para o Festival.
Com espaço de recepção e apresentações, o evento também possuiu loja oficial, na qual foi anunciada uma coleção em parceria com a marca Ale Valois, focada em vestir mulheres. Além disso, o evento também contou com o sorteio de dois exemplares do livro “Amar para Sobreviver: Mulheres e a Síndrome de Estocolmo Social”, publicado no Brasil pela Editora Cassandra.
No evento, também houve sessão de autógrafos do livro “Romãs Incandescentes no Inverno”, de autoria de Yasmin e publicado pelo selo Auroras da Editora Penalux. “Esse evento foi a concretização de um sonho, um projeto que nasceu em meu coração e no de muitas outras mulheres. Quando comecei, ainda era uma adolescente de 18 anos, recém-chegada na UFBA, com um celular e computador velhos em mãos. Hoje, já representamos o Brasil em diversos países e temos materiais traduzidos para o inglês e o francês”, comenta.
Com pessoas sentadas nas escadas, o FESTIVAL VULVA NEGRA foi um grande sucesso, apontando mais uma vez para o poder disruptivo das mulheres negras quando essas se movimentam. O evento também contou com momentos de descontração, sensibilidade e celebração dos avanços do movimento feminista negro de raiz no Brasil. Com cobertura fotográfica por Alessandra Anselmi, houve amplo registro fotográfico que ficará futuramente disponível no arquivo VULVA NEGRA.
“Mulheres negras têm estado em postos de vanguarda desde os primórdios das movimentações sociais no Brasil, apesar da ausência de reconhecimento. Ainda assim, lutamos para conseguir não apenas ser reconhecidas, como também para seguir realizando o nosso trabalho. Com o Vulva Negra, tenho lutado para a manutenção e crescimento do meu trabalho enquanto uma mulher que promove a teoria feminista, o antirracismo e a emancipação coletiva de todas as mulheres“, Yasmin acrescenta.
Fotografias por: Alessandra Anselmi
Só uma nota: nós brasileiros somos considerados "não-ocidentais"(non-western). Descobri isso recentemente num fórum de geopolítica enquanto procurava dados sobre Império…