Nas últimas semanas, as redes sociais foram tomadas por relatos de mulheres a respeito de episódios específicos em suas relações afetivas com homens. Ao decorrer de uma publicação acerca da sabotagem masculina, incontáveis mulheres narraram como seus parceiros ou ex-parceiros aguardaram por momentos importantes como aniversários, demais datas comemorativas, defesas de tese e entre outros para finalizar a relação ou performar algum ato desagradável.
Após isso, as discussões em torno da suposta inveja masculina emergiram em podcasts e publicações digitais. Entretanto, um ponto muito negligenciado, tende a ser a origem social de tais ações e sua conexão com as terminologias em torno do comportamento patológico.
Na obra “Amar para Sobreviver: Mulheres e a Síndrome de Estocolmo Social”, Graham cita a predominância de patologias psiquiátricas como a depressão, a ansiedade e os transtornos alimentares em pessoas do sexo feminino, tecendo uma teoria acerca de como a hiper-exposição das mulheres à violência contínua em uma sociedade patriarcal contribui para um adoecimento psíquico que as põe em condições propícias à serem predadas.
Por outro lado, o comportamento patológico mais comum entre os homens, tende a ser aquele que negligencia o próprio corpo, como o alcoolismo, abusos de outras substâncias, ou aquele que negligencia o corpo do outro, como transtornos de personalidade narcisista e antissocial.
Segundo pesquisa da BBC em 2024, “até 75% das pessoas diagnosticadas com transtorno de personalidade narcisista são homens”. No escopo de tais circunstâncias, é impossível não constatar a influência da dinâmica de poder social no adoecimento psíquico de homens e mulheres.
Homens são maioritariamente transformados em predadores, mulheres, em presas. Afinal, para além dos fatores citados, a sociedade tende a minimizar as consequências do comportamento desajustado em homens e até mesmo a incentivá-lo.
Homens tendem a ser premiados quando ocultam bons sentimentos por mulheres, quando evitam altruísmo real pelo sexo oposto ou quando não expressam admiração por mulheres que não estão em seu círculo de prestação de serviços.
