Sonhos são possíveis, se crermos neles. Eu, uma menina baiana tão subestimada por muitos no início da infância por conta da etnia e do sexo, crescera para duvidar de minhas potencialidades. E, sobretudo, para crer que jamais poderia afetar positivamente o mundo ou sanar, ainda que minimamente, as tão constantes injustiças. O mundo sempre fora-me hostil, a tentar imprimir em meu corpo às mazelas da opressão racial e sexual a qual mulheres e pessoas negras são submetidas. Contudo, tivera o amor e o afeto de toda uma ancestralidade feminina e negra que reveste-me, impulsiona-me e saúde a intelectualidade do meu Orí e o poder de meu punho em riste.
Tivera — e tenho — o amor de mulheres que transformaram a minha vida, quando pensei que o amor seria impossível para alguém como eu. Quando desejavam que recolhesse-me ao diminuto espaço que destinam às mulheres pretas nesta sociedade, quando desejaram limitar a minha humanidade — Eu permaneci. E como dizia Maya Angelou, “Sou um oceano negro, marulhando e infinito”. E eu me levanto.
Com imensa honra, trago a notícia de que fui escolhida como a única FRONTLINER 2021 brasileira da organização norte-americana We Are Family Foundation após meses de um rigoroso e mundial processo seletivo. O projeto Vulva Negra fora beneficiado e, graças à isso, teremos o apoio do fundo de doações para jovens ativistas negras e negros que estão a abalar as estruturas deste mundo. O primeiro projeto feminista de raiz e negro do Brasil. O trabalho de uma mulher baiana. O meu trabalho. O amor de tantas mulheres, a brava luta de tantas e tão amáveis mulheres.
Eu não tenho palavras. Eu estou feliz. Eu não creio. Que felicidade! Que grande felicidade.
E nós estamos apenas começando.
Thank you, We Are Family Foundation. I am so happy and proud of this family!