Masculinidade tóxica

A masculinidade tóxica é um dentre os inúmeros conceitos que tornaram-se populares no período atual. A concepção de que há, para além da intitulada “masculinidade tóxica”, alguma variante amena ou benéfica, acabara por permear acalorados debates. Afinal, conceber a masculinidade enquanto um status neutro, o qual pode vir a receber atribuições “positivas” ou negativas, acaba por evidenciar uma abordagem completamente divergente daquela proposta pelo movimento feminista.

Pois, à luz da teoria feminista raiz, a masculinidade trata-se de um conjunto de atribuições de poder, dominação, comportamentos e posicionamentos atribuídos àqueles que pertencem ao sexo masculino. Deste modo, o próprio conceito de masculinidade relaciona-se às imposições de gênero com base na socialização. O Patriarcado não estipulou modelos de masculinidade passíveis de ruptura ou modificação em seu fim, que trata-se do exercício do poder masculino. Assim sendo, como feministas, buscamos a quebra da própria masculinidade enquanto modo de operação masculina na sociedade. 

Afinal, ao contrário do que pensam, não trazemos o termo “masculinidade” enquanto uma mera atribuição ao masculino. Mas sim, ao comportamento esperado e à imagem estabelecida pelo e para o homem em sociedade. A masculinidade em si, o padrão eurocêntrico pós-colonial daquilo que definimos enquanto atuação masculina, foi desenvolvido para ser tóxico. Pois, a masculinidade, juntamente ao sexismo, ao machismo e à misoginia, regulam o poder dos homens sobre mulheres e crianças. Deste modo, como feministas, não nos cabe “ressignificar” algo que fora desenvolvido para a nossa opressão. Mas sim, considerar meios a fim de promover esta ruptura. Todo e qualquer homem que deseje tornar-se minimamente um aliado, terá de enfrentar os seus próprios fantasmas e nomeá-los.