Written by: Feminismo Raiz

O progressismo neoliberal e a criminalização dos direitos reprodutivos

Por que mesmo em um cenário com políticas progressistas, os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres permanecem sob ataque?

Em uma sociedade na qual as hierarquias se articulam a fim de produzir opressões específicas, o patriarcado, o racismo e o capitalismo adaptam-se e encontram possibilidades de expansão em espaços variados, seguindo com congruência as necessidades e demandas do seu período sócio-histórico. Na atualidade, vivemos um cenário no qual as estruturas citadas carecem de uma constante “reinvenção” superficial. Afinal, torna-se cada vez menos mainstream assumir publicamente posturas racistas, modulações sexistas e um apreço exacerbado pela exploração de outros.

Então, para que se mantenha a aglutinação do potencial revolucionário dos movimentos sociais, mas ainda assim haja a falsa percepção de uma evolução social, se faz necessário adaptar o discurso. Portanto, se o patriarcado arcaico demonizava a população LGBT, o novo patriarcado, alinhado aos princípios do capitalismo recente, sabe como extrair lucro de tal segmento e também como manipulá-lo em prol de seus desejos políticos. Como caso emblemático, podemos citar a Disney, que há certo período lucra com produções LGBT-friendly, mas que foi acusada de financiar políticos da ala conservadora americana com os seus lucros.

Contudo, se faz necessário recordar que a manutenção de uma opressão remarcada sobre mulheres, seja através da Indústria Cultural e suas imagens pornificadas ou do controle reprodutivo sobre os corpos femininos, se trata de uma necessidade constante na manutenção deste sistema. Afinal, as políticas neoliberais são se beneficiam de uma verdadeira “liberdade” feminina. Pois, por mais contraditório que pareça, o mesmo país que tenta se aproximar de uma postura amigável quanto a algumas minorias, está buscando uma maior rigidez nas políticas de natalidade. Pois abrir mão do controle dos corpos das mulheres significa perder um dos bens mais preciosos em um sistema de opressão: ditar quem nasce, e quem morre.

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Tags:, Last modified: 15 de maio de 2022