Written by: Feminismo Raiz

O movimento #tireoespartilho

O movimento Tire o Espartilho não relaciona-se somente ao rompimento com a feminização estética nas sociedades patriarcais, mas sim, igualmente a libertação feminina frente à outras ferramentas de opressão, como: a infantilização, a pornificação e a heterossexualidade compulsória.

O movimento 탈코르셋 (Tire o Espartilho) em tradução livre, se trata de uma iniciativa antipatriarcal fundada por mulheres feministas sul-coreanas. Tendo experimentado sua ascensão internacional a partir de 2019, milhares de mulheres coreanas uniram-se contra os estereótipos de gênero, feminilização social e os aspectos culturais da sociedade sul-coreana que buscam infantilizar, imobilizar e minar a saúde feminina em prol da Indústria da Beleza. Deste modo, o movimento propõe um rompimento gradual com as perspectivas de submissão e ritualização da feminilidade, em busca da emancipação feminina.

Na Coreia do Sul, o movimento feminista tem experimentado uma ascensão exponencial. Para além do movimento 탈코르셋, às mulheres sul-coreanas têm realizado inúmeros protestos e ações feministas auto-organizadas frente a opressão patriarcal ao longo dos anos. Em uma sociedade na qual a Indústria da Beleza aliada à Indústria Musical e Cultural (KPOP/KDRAMA) evoca padrões de beleza inatingíveis, diversas jovens são afetadas de modo irreversível, desenvolvendo transtornos alimentares e afins. Por conta disso, o movimento feminista coreano tem buscado trazer luz à esta temática. 

Contudo, o movimento Tire o Espartilho não relaciona-se somente ao rompimento com a feminização estética nas sociedades patriarcais, mas sim, igualmente a libertação feminina frente à outras ferramentas de opressão, como: a infantilização, a pornificação e a heterossexualidade compulsória. 

Parte considerável das mulheres coreanas deste movimento autodeclaram-se feministas radicais (feminismo de raiz) e comprometidas com a emancipação feminina. Tais mulheres incentivaram a migração do movimento para outros países, tendo recebido imensa atenção internacional.

Atualmente, há versões deste movimento em diversos países, como: China, Japão, Itália, Estados Unidos e Brasil. O #TireOEspartilho chegou ao Brasil em 04 de março de 2021 através do Coletivo Perseguidas, que iniciaram igualmente uma campanha no Twitter a qual tivera a adesão de inúmeras mulheres. 

Deste modo, diversos coletivos feministas radicais brasileiros uniram-se à campanha #TireOEspartilho, incentivando mulheres de todo o país a romperem com as ferramentas de sua opressão e buscarem condições mais saudáveis para si. Afinal, segundo uma pesquisa de 2016, as mulheres brasileiras gastam em média 54% do salário com a aparência física. 

Promovendo um forte intercâmbio ativista entre mulheres feministas radicais de todo o mundo, as feministas coreanas igualmente às demais feministas radicais da Itália, Japão e China, compartilharam suas fotografias de “antes e depois” com a hashtag na versão brasileira.

Buscando a libertação social da classe feminina, o Coletivo Perseguidas adicionara aspectos cruciais da experiência de vida das mulheres brasileiras pretas, mestiças e indígenas ao movimento #TireOEspartilho.

(Visited 56 times, 1 visits today)
Tags:, , , , , Last modified: 1 de agosto de 2021