Diversos países possuem em seu registro demográfico uma parcela populacional muito maior constituída pela classe feminina, e o Brasil, maior país da América do Sul, segue o mesmo padrão. Pesquisas recentes do IBGE afirmam que o país possui quase cinco milhões de mulheres a mais que homens, assim como as mulheres são maioria com a chefia de lares monoparentais e também constituem o maior colégio eleitoral do país. Como maioria quantitativa, os interesses das mulheres, quando em conflito com os interesses das classes dominantes, podem gerar situações nas quais a sociedade seja forçada à reestruturação de determinados segmentos.
Se faz necessário compreender que o domínio ideológico sobre as mulheres, seja através da religião, dos posicionamentos políticos ou da constante ameaça da violência masculina, são essenciais para que continuem alienadas do seu poder político e jamais se perceberam como os agentes mais importantes e decisivos no processo democrático e também nos processos sociais. Afinal, quanto menos noção as integrantes da classe feminina possuem de sua vantagem quantitativa, melhor será para aqueles que ainda desejam manter nossos avanços sociais sob controle.
Não foi à toa que a pauta feminina foi uma das mais citadas ao longo do primeiro debate de presidenciáveis exibido no último dia 29 na Rede Bandeirantes. Mulheres decidem as eleições no Brasil, e justamente por conta do seu poder quantitativo, sempre foram enfraquecidas a fim de que se convençam de que são a parte mais vulnerável e se tornem facilmente persuadidas. A aglutinação de mulheres pelas religiões evangélicas e pelos cenários de extrema direita, flertando com a misoginia internalizada e com a necessidade de aprovação masculina, serve ao interesse de que mulheres jamais desenvolvam a sua autonomia política e comecem a utilizar os seus poderes em favor de si próprias.