Written by: Feminismo Raiz

Mulheres e os direitos femininos

Por que as mulheres estão mais “suscetíveis” a abdicar dos seus direitos do que outras minorias?

No âmago da história dos movimentos sociais, inúmeras minorias sócio-políticas se articularam a fim de obter a ratificação de seus plenos direitos humanos. Dentre as tais, destaca-se a classe feminina, que ao longo de séculos e através de incontáveis movimentos políticos — que se estendem para além do Feminismo —, buscam a sua integral emancipação. Entretanto, devido ao fato de que a submissão feminina enquanto projeto de supressão de uma classe beneficia diretamente aqueles (classe masculina) que detêm e articulam o poder tanto no cenário econômico como sexual e étnico-racial, inúmeras formas de aglutinação e desvirtuamento da luta feminina foram estabelecidas.

Perpassando a socialização feminina, a cultura, a religião, as questões econômicas e sobretudo o estado de pânico ocasionado pelo terrorismo sexual, mulheres tendem a se “dissociar” de sua categoria (classe oprimida) a fim de tornar suas vidas mais “sustentáveis”, ainda que em um contexto de guerra velada às mulheres. Deste modo, mulheres tendem a atenuar a percepção da opressão em que vivem e se torna mais simplório que passem a conceber outras minorias como “mais oprimidas” ou “mais dignas de se estabelecer em determinados espaços”, ainda que às custas de sua própria segurança.

Vale salientar, sobretudo, que o caráter da relação “senhor” e “servo” na opressão masculina sobre as mulheres, torna a sua dinâmica mais complexa e diferenciada daquelas que existem entre outras minorias e seus respectivos opressores políticos. Afinal, mulheres são socializadas para amar e devotar-se àqueles que constituem a classe sexual dominante, assim como são submetidas a estados de pânico e terror que corroboram com o seu anestesiamento social. E, graças a tais ocorrências e seus desdobramentos, mulheres tendem a ser mais suscetíveis a abdicar de sua segurança e direitos em prol de outros. Ademais, não se deve esquecer do papel crucial da maternidade compulsória, da culpabilização feminina, da perseguição social e, sobretudo, do caráter psicológico e comportamental das mulheres sob o domínio masculino.

Afinal, aquelas que optam por si mesmas, individual e coletivamente, tendem a pagar um alto preço pelo anseio por autonomia e humanidade plena.

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Tags:, , , , Last modified: 2 de fevereiro de 2022