Written by: Feminismo Raiz

A feminilidade patriarcal & autodefinição feminista

A feminilidade patriarcal (ritos estéticos, comportamentais e psicológicos) em nada dialoga com a real experiência subjetiva e objetiva das fêmeas humanas.

O Patriarcado existe há mais de dois mil e quinhentos anos. Não obstante, suas infinitas variações e modulações exibiram-se nas mais diversificadas comunidades humanas, até que chegássemos, por meio dos processos imperialistas e coloniais, à uma espécie de “homogeneização” globalizada do exercício do poder patriarcal nas sociedades. Um dos pilares mais poderosos e definitivamente centrais da estrutura patriarcal, se trata da regulação social, psicológica, comportamental e moral das mulheres: a feminilidade. 

Pois, através da domesticação da fêmea humana em diversos contextos sociais, o poder masculino tornou-se sumariamente validado em todas as esferas — subjetivas e objetivas — da experiência de vida humana. Para além das inúmeras interdições atribuídas à classe feminina, tal ferramentas opressivas, como: a prostituição, a religião do patriarca, a misoginia cultural e entre outras, reside igualmente a construção da figura feminina. Afinal, a mulher feminilizada em uma sociedade concomitantemente patriarcal, racista e classista, é um constructo masculino. Quem definiu aquilo que nós, enquanto feministas de raiz, combatemos sob a insígnia da feminilidade — foram homens. 

A feminilidade patriarcal (ritos estéticos, comportamentais e psicológicos) em nada dialoga com a real experiência subjetiva e objetiva das fêmeas humanas. Fomos doutrinadas a abarcar tais signos através dos processos de socialização. Contudo, a mulher e o feminino, não carecem de ser e jamais deveriam ter sido definidos pela classe masculina. Quando nós, enquanto mulheres, nos apropriamos de conceitos tais como a autodefinição, encontramos um espaço completamente divergente daquilo que nos foi infligido. Com isso, não afirmo que devemos reivindicar a feminilidade patriarcal. Mas sim, que devemos buscar meios de desassociar o “ser uma mulher” da definição patriarcal e “generificada”. O feminino para mim, sempre haverá de ser uma chama potente. Como dizia a psicóloga e feminista radical @psifemea: “mulheres são vermelhos”.

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Tags:, , , , , , Last modified: 1 de agosto de 2021