“Homens não se adaptam em sociedades onde as mulheres não são suas escravas”
A frase no início desta publicação foi escrita por um usuário anônimo na rede social Twitter a respeito das notícias em torno da “não-adaptação” masculina aos altos índices de mulheres buscando educação de nível superior, aprofundamentos de carreira e viagens, ao invés de tornarem-se mães e esposas na Coreia do Sul.
Apesar de ser uma questão há muito visada no continente asiático e europeu, a queda nos índices de natalidade, assim como a ascensão de movimentos como o 4B (movimento de negação aos homens em diversas esferas da vida feminina) e o boy sober (uma versão mais branda, que se categoriza apenas como passar períodos sem se relacionar com homens), têm acendido o alerta de Estados e instituições acerca da silenciosa resistência feminina aos modelos patriarcais vigentes.
Se faz necessário salientar que uma das particularidades mais interessantes e revolucionárias dessa movimentação, é o fato de que não são necessariamente feministas — inúmeras mulheres, com posições e pensamentos políticos diferentes, têm considerado a vida sem relacionamentos com homens ou sem constituição de famílias tradicionais mais atrativa.
Tendo em vista que pesquisas ao longos das décadas comprovam que a vida masculina tende a ser facilitada e preservada com maior facilidade dentro de um relacionamento heterossexual, assim como historicamente homens delegaram às mulheres a função de cuidá-los, nutri-los emocionalmente, organizar suas vidas e até mesmo serem as organizadoras das interações sociais (vide o papel das mulheres em datas comemorativas como o Natal), a tentativa geral de emancipação feminina têm feito inimigos e sido citada como um dos fatores da ascensão dos movimentos de extrema-direita, como o masculinismo.
Em uma sociedade na qual mulheres têm conquistado espaços outrora não-imaginados, mas que ainda conta com profunda desigualdade racial e socioeconômica, homens já se veem prejudicados em sua hegemonia geral. Haja vista que pela primeira vez na História, o discurso tem começado a voltar-se contra eles através dos novos comportamentos femininos.
Se faz interessante notar que mulheres são submetidas a inúmeros tipos de vi0lências desde a fundação do Patriarcado. Entretanto, suas mazelas raramente se tornam um debate social desesperado, como o furor que tem tomado conta de especialistas em torno da “epidemia de solidão masculina”.
Afinal, como aprendemos através de obras como Amar para Sobreviver: Mulheres e a Síndrome de Estocolmo Social, mulheres são socializadas para que se transformem em Belas, aptas a controlar os impulsos das Feras com as quais se relacionarão, mantendo-os nutridos e satisfeitos no espaço doméstico, a fim de que não representem piores perigos a sociedade.
Entretanto, em um contexto no qual mais mulheres estão libertando-se psicologicamente da socialização que lhes foi imposta, em especial por conta da maior difusão das temáticas feministas, o que esperar da sociedade e dos homens?
